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De Portugal não se originam apenas a cerâmica e os azulejos originais, bons vinhos e azeite da melhor qualidade… Você sabia que é das terras lusitanas que provém metade da cortiça produzida no mundo? Sim, o país é o maior produtor desse material, seguido de Espanha com 30%, e o restante distribuído por regiões de Tunísia, Marrocos, Argélia, Itália e França. Leia o conteúdo e entenda mais sobre a origem da cortiça portuguesa, a sua importância para a economia, os principais usos da cortiça de Portugal, dentre outras curiosidades. 

O que é a cortiça?

O material nasce da casca do sobreiro (nome científico, Quercus Suber L.), ou seja, é um tecido vegetal considerado 100% natural. O fato mais curioso está relacionado à sua formação: uma verdadeira colmeia de células microscópicas, integradas com um gás que é similar ao ar e com um revestimento composto por suberina e lenhina. Polissacarídeos, ceroides e taninos complementam a composição da cortiça.

Assim, em um centímetro cúbico da cortiça estão quase 40 milhões de células, ou cerca de 800 milhões de células numa só rolha de cortiça. 

Majoritariamente extraída da casca dos sobreiros, árvore da família do carvalho, a cortiça é extraída entre Junho e Agosto, dando vida ao que será, mais tarde, objetos sustentáveis, biodegradáveis e recicláveis. Isso porque a cortiça é leve e é conhecida por ser um excelente isolante, tanto térmico quanto acústico. 

Casca de Cortiça
Casca de Cortiça

Qual é a árvore que dá a cortiça?

O sobreiro é a árvore que gera a cortiça portuguesa, demora 25 anos para poder ser descortiçado pela primeira vez. Vale lembrar que somente profissionais especializados e capacitados estão aptos a realizar esse processo, prova de que há todo um cuidado em torno do modo como se retira o material. O procedimento preserva o tronco da planta. 

Outra informação que vai ao encontro da sustentabilidade diz respeito à autorregeneração do sobreiro. É a única árvore que possui essa capacidade, o que a faz contar com uma textura mais lisa após a extração. Desse modo, cada árvore dessa espécie fornece a cortiça apenas de 9 em 9 anos, o que assegura a sua própria preservação. 

Árvore do Sobreiro
Árvore do Sobreiro – Fonte: Brigada da Floresta

Quem é o maior produtor mundial de cortiça?

Como já mencionado no artigo, Portugal é responsável por um terço da área global de sobreiros e hoje configura-se como o maior produtor de cortiça em âmbito mundial. As empresas do país também são as que realizam 50% da transformação mundial do material. 

Sem contar essa parte fabril ou industrial, Portugal conta, ainda, com a maior área formada por sobreiros, algo referente a 34% da floresta mundial dessa árvore. 

Mais um dado relevante a ser citado é que a cortiça de Portugal movimenta em torno de 600 empresas no país, o que corresponde a quase 9 mil trabalhadores. Cerca de 70% da produção das fábricas está destinada às rolhas.

Fabricação de Cortiça
Fabricação de Cortiça – Fonte: Cortiarte

Corticeira Amorim: empresa que mais produz a cortiça no mundo

Em Portugal, a fabricação da cortiça é favorecida pela presença e pelo trabalho da  Corticeira Amorim, o maior grupo de transformação de cortiça do mundo. A companhia, fundada em 1870, vem atuando e valorizando o potencial infinito desta matéria-prima. Dessa maneira, o investimento em investigação, conhecimento e desenvolvimento de novas estratégias foi fundamental para aperfeiçoar a forma com que se confecciona a cortiça e seus mais diversos usos. 

Ao antecipar as tendências do mercado, a Corticeira Amorim fornece para as indústrias de automóveis, aeroespacial, de construção, esportes, energia, design de interiores, além de bebidas, entre outros segmentos. 

O reconhecimento é global, já que a assinatura da Corticeira Amorim surge nas rolhas dos melhores vinhos do mundo, em obras internacionais de arquitetura, em modernos projetos rodoviários, em artigos esportivos, etc. São inúmeras as possibilidades proporcionadas pela cortiça de Portugal e a empresa aposta e investe nisso. 

Importância da cortiça portuguesa para a economia

Em razão da sua diferenciação como material, a cortiça portuguesa aparece como destaque até mesmo na economia. 

Atualmente, Portugal exporta em torno de 700 milhões de euros e, nesse sentido, a cortiça é um material cada vez mais reconhecido pelo seu valor de mercado. 

As rolhas de garrafas de vinho constituem o principal produto da indústria e são 60% do total das exportações. No lastro desse uso, a finalidade da cortiça ultrapassa outros setores, chegando na construção, aplicada como isolamento. Depois, sua presença se dá na moda, no design e na arquitetura, de modo geral. 

Que localidade portuguesa é conhecida como capital mundial da cortiça?

A capital mundial da cortiça é o município de Coruche, um dos maiores de Portugal, com 1.115,72 km² de área e cerca de 17. 400 habitantes (2021).  Localizada no distrito de Santarém, a cidade recebe o título de capital mundial da cortiça e possui uma indústria que produz 5 milhões de rolhas diariamente.  

No concelho de Coruche é extraída 8% da cortiça nacional. É nesse município que fica situado o Observatório do Sobreiro e da Cortiça, um pólo de investigação na área do Montado e da Cortiça e a Feira Internacional da Cortiça. 

Quais os principais usos da cortiça de Portugal?

A cortiça portuguesa pode ser reciclada sem perder as suas características, e a sua elasticidade e quase total impermeabilidade a transformam num artigo único e especial. É hipoalergênica, resistente e leve. Assim, apenas precisa passar por pequenos processos de confecção antes de poder ser utilizada amplamente.

Hoje, a cortiça de Portugal está nas rolhas de vinhos, espumantes e demais bebidas, no vestuário, no calçado, nos produtos de moda (bolsas, carteiras, jóias), capas para computadores, louças, móveis e objetos de decoração e iluminação.

Rolha de Vinho
Rolha de Vinho

Roupas de Cortiça
Roupas de Cortiça

Itens de decoração de cotiça

A construção civil é mais uma área que tem descoberto os versáteis e diferentes modos de utilização do material, que serve para isolamento acústico. A exemplo disso, a inovação tem sido marca registrada do uso da cortiça portuguesa, fator que impacta positivamente a economia e gera uma variada gama de produtos a serem comercializados.

By Naiara Andrade

Naiara Andrade é brasileira, catarinense e jornalista. Tem experiência em produção de conteúdo, mas também em outras atividades nas áreas da Publicidade e do Marketing Digital. Já morou na Irlanda, onde aprimorou um segundo idioma. Atualmente reside em Portugal e cursa Mestrado em Comunicação Estratégica, na UBI. Apesar de gostar muito do mar, Naiara aprendeu a apreciar as montanhas. Apaixonada por música, ela adora viajar, curte cinema e está sempre aberta a novos desafios pelo caminho.

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